Arte: Geraldo Neto
ASSASSINATO DO juiz Alexandre MARTINS
Veja a cronologia do caso
Em uma época de domínio do crime organizado no Espírito Santo e de excesso de processos na Justiça, os juízes Alexandre Martins e Carlos Eduardo Lemos se depararam com uma rede formada entre autoridades e bandidos para garantir impunidade em ações penais. As investigações acabaram levando Alexandre à morte.
1998
label Em 23 de março de 1998, Alexandre Martins de Castro Filho assume como juiz no Espírito Santo e passa a atuar nas comarcas de Cachoeiro, Linhares, Domingos Martins, Marechal Floriano, Colatina e Itapemirim.
2000
label Alexandre e os juízes Carlos Eduardo Lemos e Rubens José da Cruz são designados para a 5ª Vara de Execuções Penais, em Vitória. Eles descobrem esquema de favorecimento ao crime organizado, com presos que saíam do presídio para assaltar e matar.
2001
label Alexandre e Carlos Eduardo denunciam o esquema de venda de sentenças à Corregedoria-Geral de Justiça do TJES. Produziram dois relatórios minuciosos, com provas. Os juízes começam a ser ameaçados.
2002
label Alexandre e Carlos Eduardo Lemos denunciaram ao governo do Estado e ao Tribunal de Justiça a venda de sentenças. Nesse mesmo ano, foram designados a participar da missão especial de combate ao crime organizado no Estado. É morto no mesmo ano o detento Manoel Corrêa, que denunciou o envolvimento de Coronel Ferreira e Antônio Leopoldo no esquema. Ferreira é transferido para presídio do Acre por decisão de Alexandre Martins.
2003
label 24 de março de 2003, às 7h45, o juiz Alexandre Martins é assassinado quando chegava numa academia em Vila Velha. No mesmo dia, cinco pessoas foram presas por suspeita de participação no crime. Coronel Ferreira é apontado, um dia depois, como principal suspeito de ser mandante do crime.
2004
label Em julgamento, em setembro, executores são condenados pelo assassinato do juiz Alexandre. Odessi Martins da Silva Júnior, o Lumbrigão, e Giliarde Ferreira de Souza, o Gi, receberam pena de 25 anos de prisão.
2005
label O Tribunal de Justiça afasta Antônio Leopoldo Teixeira de suas funções e logo depois emite mandado de prisão. O juiz é denunciado como mandante pelo assassinato de Alexandre e fica 237 dias preso. No mesmo ano, 5 pessoas são condenadas pelo homicídio.
2006
label É marcado o julgamento de Antônio Leopoldo Teixeira, denunciado como mandante da morte do colega. Em abril, o julgamento é suspenso.
2008
label Leopoldo é pronunciado, decisão judicial que o encaminha para o banco dos réus pelo crime. Vários recursos são feitos a tribunais superiores em Brasília contra a sentença.
2009
label Decisão judicial que o encaminha para o banco dos réus pelo crime é confirmada por tribunais superiores.
2011
label Leopoldo é absolvido da acusação do crime de corrupção ativa no período em que atuou na Vara de Execuções Penais, em Vitória. A denúncia partiu de Alexandre Martins em 2001.
2013
label Decisão do Tribunal de Justiça é reformada e Leopoldo é condenado a cinco anos e seis meses, em regime semiaberto, por corrupção. Foi a primeira condenação na área criminal.
2014
label O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) extingue pena aplicada a Leopoldo porque a condenação foi feita com base em lei de 2003 e os fatos que levaram à acusação aconteceram antes da legislação entrar em vigor. Além disso, houve prescrição do crime.
2015
label Coronel Ferreira é condenado como um dos mandantes da morte de Alexandre a 23 anos de prisão. Os crimes foram homicídio e formação de quadrilha.
2020
label Fernando de Oliveira Reis, o Fernando Cabeção, condenado pela morte de Alexandre, é executado a tiros dentro de um carro de luxo em Itapoã, Vila Velha, pelo tráfico.
2021
label É marcado novo julgamento de Leopoldo para o dia 2 de agosto. Posteriormente, é transferido para 14 de setembro; em seguida, para 8 de novembro; e depois por tempo indeterminado. Nova prova sobre o caso, um depoimento de Antônio Leopoldo Teixeira, é entregue ao MPES, 16 anos após ter sido gravado. A prova gerou embate jurídico para definir se ela pode ou não ser aceita no processo.
2023
label Em fevereiro, a defesa do juiz aposentado Antônio Leopoldo entra com recurso ao STJ contra decisão do TJES que aceitou recurso do Ministério Público determinando ao juiz da 4ª Vara Criminal de Vila Velha que analise novamente pedido de inclusão da nova prova. A defesa do réu quer que seja mantida a decisão inicial do juiz, que considerou a prova ilícita e a retirou do processo.