Arte: Geraldo Neto
18 de maio de 1973
Araceli tinha 8 anos quando partiu de casa, no Bairro de Fátima (Serra), para nunca mais retornar. Ela foi para a escola, na Praia do Suá, em Vitória, de onde saiu um pouco mais cedo para não perder o ônibus, e não foi mais vista.
24 de maio de 1973
O corpo de uma criança foi localizado em uma área de vegetação atrás do Hospital Infantil, em Vitória. Pelas condições em que foram encontrados, os restos mortais eram de difícil identificação, mas o pai fez o reconhecimento inicial.
25 de maio de 1973
O delegado do caso afirmou que Araceli estava viva e sugeriu que o corpo encontrado foi jogado no local após ser retirado de um cemitério para atrapalhar o trabalho policial. O pai, Gabriel, recuou no reconhecimento e disse que os restos mortais não eram de sua filha.
Junho de 1973
Fios de cabelo presentes na escova que Araceli utilizava foram enviados para o Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, para serem comparados aos que foram encontrados no corpo e, assim, ter elementos científicos de identificação.
3 julho de 1973
A Polícia Civil chegou a conclusão que Araceli havia sido drogada, estuprada e declarou a morte da menina, a partir da confirmação de que os fios da escova de cabelo eram semelhantes aos do corpo. Um exame de arcada dentária, feito anteriormente por professores da Ufes, já dava o mesmo indício. Os pais não reconheceram o resultado e os restos mortais não foram enterrados.
Julho de 1973
Ainda no dia 3, a superintendência da Polícia Civil afirmou que iria fazer uma grande revelação sobre os autores, sugerindo que seriam pessoas acima de qualquer suspeita; no dia 10, mudou a abordagem, e declarou que o autor seria um homem que rondava o bar nas proximidades do ponto onde Araceli pegava ônibus.
29 de outubro de 1973
A mãe, Lola, enviou uma correspondência para a presidência da República, criticando a atuação policial, o fato de ter sido impedida de entrar no IML para tentar reconhecer o corpo e informando sobre alegações de que haveria pagamento de propina a envolvidos na investigação para que não fossem revelados os autores do crime.
29 de novembro de 1973
Foi assassinado o sargento José Homero Dias que havia atuado nas investigações do caso Araceli. Mais tarde, o Ministério Público considerou a morte suspeita porque o policial estaria no caminho certo dos culpados pelo crime.
Março de 1976
O corpo de Araceli, que havia ficado por quase três anos na geladeira do IML, foi sepultado no cemitério municipal de Serra-Sede.
Agosto de 1977
Paulo Constanteen Helal, Dante de Barros Michelini, e seu filho, Dante Brito Michelini, foram denunciados pelo Ministério Público à Justiça. Paulinho e Dantinho, como eram conhecidos, por rapto seguido de morte. Dante, pai, por cárcere privado.
Junho de 1980
Os três foram condenados pelo juiz Hilton Silly que, no entanto, teve a sentença anulada posteriormente no Tribunal de Justiça pelo que teria sido um erro técnico: o tempo de prisão estabelecido, cinco anos para o pai e 18 anos para os outros dois, era diferente daquele previsto em lei.
24 de maio de 1991
O juiz Paulo Nicola Copolillo, que depois se tornaria desembargador, absolveu os três da acusação. Ele havia passado quase cinco anos analisando os autos do processo e concluiu que não havia provas que justificassem a condenação.
11 de novembro de 1992
O Tribunal de Justiça recusou o recurso do Ministério Público e manteve a absolvição dos três acusados.
17 de maio de 1993
Após 20 anos da morte de Araceli, o caso prescreveu. Mesmo se os culpados se apresentassem, o que nunca aconteceu, não poderiam mais ser punidos.
Araceli Cabrera Crespo era filha
da boliviana Lola Cabrera Sanchez e
do espanhol Gabriel Crespo Sanchez.
Ela nasceu em 2 de julho de 1964,
em São Paulo, e se mudou para
o Espírito Santo com os pais e o
irmão Luiz Carlos Cabrera Crespo
no ano seguinte. Aqui, foi
sequestrada, violentada
sexualmente e assassinada.