Arte: Geraldo Neto
A investigação policial sobre o desaparecimento e a morte de Araceli foi alvo de críticas e é apontada, por pessoas de algum modo relacionadas ao caso, como um dos fatores para a impunidade que marca o crime. Como a ciência e a tecnologia de hoje poderiam solucionar esse crime?
Passados 50 anos,
o que mudou?
ENTENDA
Arte: Geraldo Neto
EM LOCAIS DE CRIME
Exame
toxicológico
São analisadas as vísceras para detectar o uso de álcool e outras drogas, e até mesmo envenenamento. No caso Araceli, o material foi analisado no Rio de Janeiro pelo laboratório Carlos Éboli, que constatou a intoxicação por barbitúricos (medicamentos).
Insetos
A polícia científica do Espírito Santo começa a trabalhar com a entomologia forense, isto é, coleta de insetos e outros artrópodes, como larvas, encontrados em corpos para extrair o material comido por esses animais. É possível, por exemplo, determinar quando ocorreu a morte.
Exame DNA
O recurso só ficou disponível no país na década de 1990 e, no Espírito Santo, nos anos 2000. Para fazer o teste e identificar a vítima, pode ser colhido o sangue ou retirado um osso grande, como fêmur e úmero.
Digitais
Hoje, a coleta de impressões digitais é uma das primeiras etapas de identificação. Quando o corpo de Araceli foi para o DML, foi feito apenas reconhecimento facial e de uma cicatriz, embora já estivesse em adiantado estado de decomposição.
Dentes
Agora a polícia capixaba dispõe de uma seção de odontologia forense, especializada na identificação de pessoas por meio da arcada dentária. Na época do crime, professores da Ufes fizeram uma análise por similaridade com fotos da menina.
Material
biológico
Vestígios de sêmen e sangue são coletados e enviados para análise laboratorial; o resultado pode determinar se a vítima sofreu violência sexual e indicar suspeitos.
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AVANÇOS
Blue star
É um reagente para sangue, mais eficaz que o luminol, e tem sido usado pela polícia científica do Espírito Santo, mas não existia na época de Araceli. O produto ajuda os peritos a identificar vestígios de sangue latentes, ou seja, invisíveis a olho nu.
Luzes forenses
Uma lanterna que, associada a óculos com filtro, possibilita a identificação de materiais biológicos, como sêmen, digitais e saliva, é utilizada no Espírito Santo. Também é um recurso tecnológico recente.
Rastros
O exame de DNA também pode “colocar” o criminoso no local de crime. Objetos esquecidos, como bonés, máscaras, chinelos, podem ser analisados e deles extraídas células capazes de indicar suspeitos.
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Pessoal
Na época do assassinato de Araceli, havia apenas um perito de local de crime para todo o Estado capixaba. Atualmente, os profissionais estão distribuídos por regionais e há cerca de 400, nas mais diversas áreas de atuação.
Balística
Nos anos 1970, o setor servia apenas para verificar se a arma funcionava ou não. Hoje, com os testes feitos em tanques, é possível determinar se foi utilizada, o tipo de projétil e indicar suspeitos.
Criminalística
O departamento, na década de 1970, tinha quatro seções; hoje são 13, como engenharia e odontologia forense, fora as que são voltadas a análises químico-biológicas.
Tecnologia
Investimentos têm sido feitos para aprimorar a perícia, como a implantação do sistema Ibis, que possibilita comparação de projéteis usados no Espírito Santo e em outros Estados, de modo a identificar se a arma analisada foi utilizada em mais de um crime.
Antes e agora
A preservação do local de crime, inclusive pela população, é fundamental para que o trabalho da perícia possa oferecer resultados.
FONTES
Arte: Geraldo Neto
Peritos oficiais criminais
Ana Cecília Gonçalves Santos
Lucas Vianna
Vinícius Médici de Oliveira
Médicos legistas
Gustavo Felippe Fernandes
Rodrigo Barbosa dos Santos Stein
Processo do caso Araceli